Não sabemos exatamente o que se passa na cabeça de Marcos quando ele ouve que Dora está esperando um filho dele. A primeira reação parece ser de espanto. Mas raiva e dúvida vêm em seguida e se embolam em um emaranhado de sentimentos conflitantes: “Esse filho não pode ser meu! Não acredito que seja!” Ainda que possa ser um blefe – afinal, ela não sabe ao certo quem é o pai –, Dora diz com toda segurança: “É só esperar nascer e fazer o exame de DNA”.
Marcos engole em seco. De repente, ele se vê nas mãos de uma estranha. Sua felicidade, seu casamento com Helena, sua honra junto à família, tudo está ameaçado por uma simples aventura. Ainda que segure Dora pelo braço com firmeza, Marcos demonstra extrema fragilidade. “Que mal eu fiz você, hein?”, pergunta num fio de voz.
Dona da situação, Dora não poupa palavras, ainda que seja extremamente franca. Não veio até aquela casa pra atirar a gravidez na cara dele. Aliás, ela nem sabia que Marcos era marido de Helena, muito mesmo que ele era o Alberto, o homem da lancha por quem se apaixonou. Está ali por mero acaso. Mas não pode aceitar que ele a trate como uma desclassificada sem escrúpulos, que quer se aproveitar.
Desesperado, ruminando uma forma de livrar aquele problema, Marcos insiste numa proposta: “O que é que você quer?”. E Dora responde, cheia de orgulho, a cabeça erguida: “Respeito”.
Talvez essa seja a chave para o domínio da situação.
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