Com o agravamento do câncer de Marta, sua personagem em “Viver a vida”, Gisela Reimann precisou mudar radicalmente o visual. Na última terça-feira, ela raspou a cabeça e entrou para o já numeroso rol de atrizes que, despindo-se da vaidade, ficaram carecas em função de um papel.
— A ideia já vinha de algumas semanas porque, com a história da quimioterapia, a queda dos cabelos era uma consequência lógica — explica Gisela, que descartou usar um truque de maquiagem: — Jayme (Monjardim, diretor da novela) me propôs raspar e eu topei. Queria fazer uma coisa verdadeira, em homenagem às mulheres que já passaram por isso.
A atriz de 42 anos — e 20 de carreira — explica que a mudança não foi tão traumática porque ela teve mais de um mês para se preparar psicologicamente para esse momento.
— Quando o cabelo vai caindo, tudo vai passando na cabeça. É estranho. Foi um susto no começo, mas depois me surpreendi, achei legal — conta Gisela: — Senti que foi uma espécie de renovação, para começar bem o ano de 2010. Mas ainda estou me camuflando, não tive coragem de assumir.
Para se disfarçar, ela comprou um chapéu panamá e um par de óculos escuros, figurino com o qual vem desfilando por aí, à espera de ir ao ar sua primeira cena careca — o que deve acontecer hoje à noite.
— Acho que vai ser mais fácil depois que as pessoas me virem na TV. Vão saber que fiz isso pela novela. Não vão me olhar diferente, fico preocupada com os olhares de pena — diz a atriz.
A transformação no visual de Gisela aconteceu no camarim do Projac, 20 minutos antes do início das gravações. Ela conta que Marta não vai aparecer raspando a cabeça para não haver alusão à sequência famosa de Carolina Dieckmann em “Laços de família”, do mesmo autor de “Viver a vida”, Manoel Carlos.
— É uma cena clássica, todo mundo lembra. E a Raquel Ripani acabou de fazer isso em “Caras & bocas”. Então, não precisava — opina a atriz: — O impacto será maior quando ela aparecer logo careca. Para a personagem, é algo normal. Choque mesmo será para o público.
Antes de passar a máquina zero, o cabeleireiro fez maria-chiquinhas no cabelo de Gisela para cortá-lo de maneira que pudesse ser aproveitado num aplique — sugestão de Jayme Monjardim.
— Fiquei com vontade de jogar no mar para limpar, começar o ano com tudo novo, mas depois achei melhor guardar — conta.
