Só mesmo pedindo a ajuda aos céus para amenizar tanta vergonha. E é o que Dora faz, quando se depara com Helena no momento que se livrava da presença opressiva de Marcos. Diante desse pesadelo, ela leva as mãos ao rosto e chora: “Meu Deus do céu!”. Falar o quê? E mesmo que quisesse, Helena não permitiria: “Que nenhum dos dois abra a boca”.
Agoniada, Dora tenta se explicar, mas o foco de Helena é Marcos. “Você é muito pior do que podia imaginar”, diz com esgares de nojo. Na tentativa de recuperar a compostura, ele apela pro cinismo: “Não cabe sermão, estamos separados!”.
Mas o que Helena ouviu momentos antes deixa claro que o envolvimento dos dois é bastante anterior à separação: “Como você teve coragem? Posso imaginar como se divertiram... Quem sabe até na minha cama!”. Mal sabe ela, coitada!
Quando Marcos sai do apartamento, expulso, Helena vira-se para Dora: “Recebi você na minha casa como se fosse uma irmã... E vocês já se conheciam, se relacionavam, faziam um filho...”.
Dora jura que não sabia que Marcos era marido dela antes de ir praquela casa. E, num esforço brutal, conta tudo desde se conheceram. É o máximo de sinceridade que consegue.
Helena ouve tudo e, muito abalada, só consegue dizer que vai ser feliz apesar de Dora, apesar de Marcos e de toda sujeira que eles armaram pra ela.
Quando sai, lá está o ex-marido esgueirando-se pelas sombras como um anjo torto: “Helena, me ouça...”. Mas ela não ouve nada. Nós, sim: o tabefe violentíssimo que ela dá na cara do canalha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário