Marcos reage muito mal quando Helena vem lhe contar que a funcionária que pretende contratar está grávida. “Você traz uma moça pra cá, que a gente nem sabe direito quem é. Ela traz uma filha e ainda está grávida?”, diz exaltado. Sabemos exatamente o efeito que ele quer dar com tal dramatização, mas Helena, coitada, não sabe. Por isso não entende o porquê de tamanho espanto. Mas Marcos continua. Diz que vai ser uma dor de cabeça receber uma família inteira dentro de casa; “E o pai dessa criança, quando vem pra cá?”.
Helena continua sem entender a reação do marido até se aproximar dele e notar o cheiro de bebida. Marcos não nega: “Bebi lá no bar do hotel, com o Gustavo. Não posso?”. Há grosseria na sua voz. Helena revida, com elegância. Diz que ele pode beber, sim, “mas sem perder a compostura”.
Aí Marcos se irrita de vez. Alça ainda mais a voz e, meio grogue, arrastando as palavras, tenta justificar o pileque. No fim, atira na cara de Helena uma pergunta pra lá de indelicada: “Onde você ficou o dia todo? Na produtora, de papo com o Osmar, o tal de Bruno, o tal Felipe, quem mais”.
Helena não perde o rebolado. Diz simplesmente que ele não está em condições de conversar e sai dispensando o jantar. Marcos fica lá, sozinho, soltando fogo pelas ventas.
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