sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Viver a Vida - A prima da onça!



Desde que Dora se mandou pro Rio, um lugar ficou vago no restaurante de Garcia. No restaurante, que fique bem entendido – porque no coração do argentino não há vaga nenhuma. Ali, Dora, ou melhor, Dorita domina insubstituível. Mas ela que se cuide, porque com o partidão dando sopa, já tem gente assim de olho. Soraia é muito amiga de Dora, mas a coitada está louca pra sair de casa. Lá seu pai, Onofre, o grande ogro de Búzios, manda e desmanda e ela já não aguenta mais.
Por isso, quando Dora, antes de viajar, pede pra ela tentar ajudar Maradona no que for preciso, Soraia vê mais que um simples favor, mas a própria redenção, a salvação da lavoura. Vai que Dora desiste do argentino?
Por isso, o negócio é se aproximar. Garcia estranha, diz que não precisa ficar até tarde dobrando guardanapinho, varrendo salão, ajudando aqui ali. Mas Soraia insiste e, mais que isso, pede o emprego de Dora, ainda que provisoriamente: “Se ela chegar eu saio, pronto!” E num charminho quase infantil ela confessa: “Sempre quis trabalhar com público, atender as pessoas...”. Garcia pensa, pensa, olha Soraia de cima a baixo e decreta: “OK, contratada!”.
Ela fica felicíssima e corre para o vestiário pra pôr o uniforme que foi de Dora. E assim vestida com as roupas da amiga, perfume e batom idênticos aos que Dora usava, ela apresenta-se para o novo emprego. A transmutação é tão perfeita que os olhos de Maradona por alguns segundos pensam vem Dora diante de si. Dora justifica a ilusão: “Somos primas, né!”. É sim: prima da onça.

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Modificado por Louco's por TM'J