Depois de assistir Ferragus (Francisco Cuoco) materializar uma chama em seus próprios dedos para acender o charuto, Herculano (Rodrigo Lombardi) não consegue mais tirar o ancião da cabeça. O recém-encarcerado fica ainda mais atônito depois que percebe que Ferragus fez sinal para o chefe da guarda, para que este deixe Herculano entrar sozinho no pátio com ele. Por que será que ele tem estes privilégios?
O vendedor de ilusões
Já de volta à cela, Ferragus revela: “Eu vou te contar um segredo, Herculano: todos os seres humanos querem ser enganados. Sobretudo as mulheres. Enganar com elegância é a alma do negócio. Eu, por exemplo, posso trazer de volta a pessoa amada em três dias. Só não sei por quanto tempo a pessoa amada aguenta antes de fugir de novo”.
Querendo acreditar, mas sem fundamentos palpáveis para isso, Herculano argumenta: “Vendo você falar, parece fácil. Como é que você aprendeu tudo isso?”. Pomposo, Ferragus responde que foi um aprendizado cheio de riscos. Ele chega o rosto mais perto da grade que o separa do amigo e pergunta: “Quer saber como foi?”. Ávido, Herculano assente na mesma hora.
O tempo vai passando e Ferragus explica, dia a dia, tudo o que sabe para o novo aprendiz, que vai gravando tudo em seu cérebro com a maior exatidão. Ao final de muito tempo de confinamento, Herculano agradece: “Eu queria te agradecer, Ferragus. Se não fosse você, eu ainda ia mofar aqui por muito tempo”.
Ferragus avisa: “Eu espero que você aproveite a vida do lado de fora. Tenho grandes esperanças em você”, diz, enquanto estende-lhe a mão, dando a Herculano uma pequena caixa de madeira.
Sem hesitar, o aprendiz abre a caixinha e se depara com uma linda joia azul em seu interior: “O que é isso?”, pergunta. “É uma ametista, minha pedra da sorte. Tomara que dê sorte a você”, deseja Ferragus, dando adeus ao amigo. Herculano agradece, encara o senhor com muita emoção e logo parte para nunca mais voltar...
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