segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Luluzinha Teen sofre com a falta de identidade!



Histórias não têm nenhum vínculo afetivo com os roteiros originais da turma da Luluzinha!

Primeiro, veio a versão teen da Turma da Mônica. Alguns meses depois, motivada pelo sucesso da anterior, veio Luluzinha e sua turma teen. Os dois lançamentos tiveram uma racionalidade econômica – oferecer ao público jovem histórias em quadrinhos que refletissem seus sentimentos e realidade. Para muita gente, tal racionalidade – a arte pensada por critérios comerciais, e não pelas necessidades da expressão – resultaria, quase inevitavelmente, em menor valor cultural. Só que a Turma da Mônica teen está à altura das histórias infantis que lhe deram origem; a nova versão de Luluzinha, contudo, só serve para deixar com saudades quem conviveu, quando criança, com Lulu, Bolinha e seus amigos.
O fenômeno merece reflexão. É possível que a diferença de qualidade – a Turma da Mônica tem histórias muito melhores que as da concorrente – se deva à maneira como o oportunismo mencionado acima se tornou um produto da indústria cultural. A Turma da Mônica teen, mesmo se criada por demanda do mercado, é consequência de um longo processo de criação. É criada por uma equipe que cresceu junto com as histórias da Mônica, que construiu os conceitos que a norteiam. O que vemos nas páginas da nova revista se liga conceitualmente ao que já conhecíamos das personagens. Se não é autoral no sentido que atribuímos a uma criação pessoal, individual, artesanal, mostra-se tão próximo disso quanto é possível a um produto cultural concebido pela indústria.
Luluzinha teen é outra coisa. Seu vínculo com as personagens que lhe deram origem está apenas na marca. Não reconhecemos nossos heróis de antigamente nos adolescentes que povoam suas páginas. Sobrou pouco deles, tanto em termos visuais quanto no plano conceitual. Basta ler as histórias padronizadas para ver que quem as está criando não tem vínculo afetivo com o que faz, não se sente pai da criança, não sorri com carinho quando se lembra das histórias de criança. A revista apenas cumpre uma obrigação: tentar faturar. Sem qualquer identidade. Em vez de Luluzinha, Bolinha, Glorinha e outros, poderiam ser os teens José, Maria e Joana que não faria a menor diferença.

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Modificado por Louco's por TM'J