segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Os contrastes sutis de ‘A vida da gente’!



Já foi dito que os personagens masculinos de “A vida da gente” são fracos, indecisos, sem atitude. Por isso, as cenas em que Rodrigo (Rafael Cardoso) pede conselhos a Lourenço (Leonardo Medeiros) despertam tanta aflição. Não se sabe qual dos dois é mais desequipado para fazer escolhas. Marcos (Ângelo Antônio) é outra figura que, incapaz de enfrentar o mercado competitivo, se coloca acima da competição, ou seja, fora dela.
Essa incompetência é o vilão do triângulo central da história, que não tem um malvado definido. Rodrigo é honesto, não um machão canalha clássico. Mas lhe falta clareza, definição, proatividade. Está à mercê das duas mulheres de quem gosta, as irmãs Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano). Como os outros homens criados por Lícia Manzo, apenas reage a elas, como um bobo.
A novela, com seu texto que acredita na inteligência do público, apresenta as tramas, sem explicações excessivas. O telespectador responde, na mesma moeda: ligado na chave da emoção. Basta ver os comentários na internet ou seguir no Twitter a hashtag #avidadagente, no horário de exibição. Aqui no blog, os navegantes entram em debates apaixonados, citam paralelos da vida real, defendem uma ou outra irmã, tudo isso em tom bem acalorado.
“A vida da gente” não mostra apenas os contrastes entre os sexos. Trata da maternidade com a seriedade que o tema merece e usando personagens factíveis, embora “puxados”. Comparados, ajudam o público e enxergar a questão em perspectiva. Eva (Ana Beatriz Nogueira) e Vitória (Gisele Fróes) são mostras do que uma mãe cruel pode fazer aos filhos; em contraposição, Iná (Nicette Bruno) é a expressão concreta de um colo bom; Manuela, que não é mãe verdadeira de Júlia (Jesuela Moro), cumpre esse papel completamente; e Suzana (Daniela Escobar) é a melhor mãe adotiva com que alguém possa sonhar.
É através desses contrastes sutis, delicados, que a autora vem, com muita habilidade, construindo o seu enredo. “A vida da gente” é para todos, já que retrata tipos com os quais todos nós já cruzamos.

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Modificado por Louco's por TM'J