segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Viver a Vida - Marcos e Dora: Mais beijos!
Na mitologia grega, duas deusas estendem seus domínios pela noite. Enquanto Artemis fica com o esplendor, os bons fluídos e a beleza do luar, uma outra, Hécate, fica com o que há de mais fantasmagórico e aterrorizante. Dizem que em noite de Lua nova, Hécate surge invisível trazendo suas emanações infernais e só é percebida pelos cães, que ladram sem parar.
Assim, temos fortes indícios pra crer que essa deusa anda zanzando lá pelas bandas da casa amarela, toda vez que Marcos sente necessidade de rever Dora. Ele sai ao jardim, mira a janela da amante e, invariavelmente, o cachorro da casa ao lado põe-se a latir, infernizando a vizinhança, dando o sinal. Dora vem à janela e faz de tudo para evitar o chamado, mas uma força mais forte que ela, mais forte que qualquer perigo, a faz vacilar.
Marcos insiste. Planta-se no jardim, o sorrisinho cínico de sempre, o olhar fixo no objetivo. Dora sente-se abafada, um calor inexplicável queimando tudo. Mesmo assim resiste – ou melhor, finge que resiste. No fundo, sabe que já está vencida e a resistência é puro teatro. Marcos vem, bate à porta, força a entrada, entra no jogo.
Dali a pouco a brincadeira termina, sempre igual. Os dois aos beijos – beijos tórridos, picantes, irresistíveis, o proibido realçando-lhes o gosto como uma especiaria rara.
Como veem, essa Hécate tem aprontado. Mas , maldosa, pode um dia acabar estragando tudo.
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