Luciana conhece o pai que tem. Por isso, quando o encontra, depois que a separação com Helena já está consumada, seu tom não é de cobrança, mas de preocupação. Não quer que Marcos se violente, que beba em excesso, se descuide – quer apenas que ele fique bem. Ela o ama intensamente. Mas enquanto demonstra preocupação, Luciana vê um jeito de dar toques importantes. Um deles é bastante parecido com o que Tereza deu: “(Você) sempre acha que as pessoas vão acabar concordando com você. Foi assim com a mamãe; com a Helena não deu certo”.
Sim, por entender que Helena jamais se submeteria às suas ordens, Marcos talvez não tenha tentado salvar o casamento, como fez com Tereza. Por isso aquele durou tanto: quase anos; com Helena, não fizeram nem aniversário. Mas com Tereza, a relação se deteriorou do mesmo jeito. No final, apenas mantinham as aparências, ou por teimosia ou por acomodação. Escolado, Marcos resume assim o fim de uma relação: “Melhor quando acaba de uma vez, que assim dá tempo dos dois procurarem a felicidade em outro lugar”.
Como sabemos – e Luciana também, ainda que sem a noção exata –, Marcos tem uma tendência a procurar a felicidade em tudo que é canto, inclusive nos anexos da casa amarela, onde, por um tempo, morou uma certa Dora. Esse fraco por aventuras extraconjugais faz Luciana suspirar. Ela prevê que a cama do pai não há de ficar vazia por muito tempo: “Vamos ver quem é que vem depois da Helena”.
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